Vinho e sustentabilidade: conheça, os rótulos orgânicos e biodinâmicos da chilena Veramonte

Mostramos, direto de Apalta, como a Veramonte tornou-se uma das líderes na produção de vinhos orgânicos e biodinâmicos no Chile
Convidar jornalistas e formadores de opinião para um dia de campo em um vinhedo, com a pandemia, não é fácil. Na impossibilidade da presença física, como levar os convidados a enxergarem e entenderem a proposta de uma vinícola como a Veramonte, que adota Living Soils - “Solos Vivos”, em livre tradução - como slogan?
Com criatividade, compromisso e esforço de equipe, no dia 28 de abril de 2021 convidamos 40 jornalistas e formadores de opinião do vinho brasileiro a participarem de uma visita aos campos de Apalta, no Chile, guiada pela enóloga-chefe da Veramonte, Sofía Araya, uma das mais importantes mulheres do vinho chileno. Por cerca de uma hora, Sofía levou os convidados por um passeio pelos vinhedos, apresentou a vinícola onde elaboram os vinhos Neyen e Primus e guiou uma degustação simultânea com cinco vinhos.
Living Soils - A qualidade da Veramonte começa no campo
Entender o solo e a geografia de Apalta é fundamental para compreender a qualidade dos vinhos da Primus e Neyen. A região, cercada por montanhas, e seu solo de origem coluvial, ou seja, de material originado nas montanhas que se depositou com o tempo nas antigas terraças do rio Tinruiririca, criaram uma condição muito propícia para variedades como Carménère e Cabernet Sauvignon, somada à condição climática quente e seca.
Sofía apresentou as parreiras de mais de 80 anos de Carménère e 130 anos de Cabernet Sauvignon de Neyen, cultivadas de modo orgânico, com uma curiosidade: as vinhas são, nas suas palavras, “auto-reguláveis”, já integradas ao ambiente e ao terroir, não necessitando de cuidados demasiados. As uvas “lêem” o ambiente e o clima, resistindo e se adaptando melhor às mudanças.
Sobre as práticas orgânicas, a enóloga destacou algumas práticas que a Veramonte segue deste 2012, quando o antigo enólogo-chefe, Rodrigo Soto, assumiu e iniciou a transição para este modo de cultivo. Todo e qualquer adubo é produzido pela própria vinícola e o controle das pragas é mecânico, trazendo a vida de volta à base dos vinhedos e fazendo, segundo Sofia, jus aos “Solos Vivos” que a Veramonte prega em seus rótulos.
História e a elaboração de vinhos únicos
Já dentro da vinícola, onde conduziu a degustação, Sofía destacou a construção da “bodega” da Neyen em Apalta, que data do final do século XIX e foi construída inteiramente em adobe, tipo de argila misturada com palha e compactada para formar um tipo de tijolo artesanal.
Na prova, a enóloga destacou os diferentes terroirs e características que formam o portfólio de vinhos da Veramonte. Todos os vinhos são orgânicos, de práticas biodinâmicas e fermentam a partir de leveduras indígenas, ou seja, são a real e mais pura expressão do terroir.
Ritual: vinhos frescos de Casablanca
Os rótulos da linha Ritual vêm todos da zona de Casablanca, a oeste da Cordilheira da Costa, região mais fresca e diretamente influenciada pelo Oceano Pacífico e que, por sua característica mais fria, principalmente à noite, é propícia para os vinhos mais frescos e de uvas de maturação curta, como Chardonnay, Pinot Noir, Merlot e Syrah.
Sobre os vinhos de Casablanca, os pontos principais são o equilíbrio entre a madeira e o frescor, a acidez mais presente e um grande frescor. Da linha, foram apresentados o Pinot Noir 2017, eleito um dos 100 melhores vinhos de 2020 pela Wine Enthusiast, e o Chardonnay, sem fermentação malolática e com contato prolongado com as borras, que, para o jornalista Didú Russo, presente no evento, estava um “espetáculo de vinho”, com sua marcante acidez.
Apalta: terra de tintos de personalidade
Já comentamos, no início deste post, sobre as características únicas que o terroir de Apalta entrega aos vinhos, o que foi provado e comprovado na degustação de dois vinhos Primus e do ícone Neyen. The Blend, o primeiro vinho degustado, é um corte que varia a cada ano, dependendo das características das uvas em determinada safra. Para os presentes, foi um dos vinhos mais surpreendentes e de melhor custo-benefício da vinícola, lembrando um corte bordalês em sua elegância. Já o lançamento Winemaker Selection, com predomínio de Carménère, destacou-se por sua opulência e vocação gastronômica.
Por fim, Neyen. Ícone de Apalta, é um dos tintos mais homogêneos e destacados da Veramonte, com seu corte de Carménère e Cabernet Sauvignon que pouco se altera a cada ano. Para o crítico Jeriel da Costa, Neyen é uma das maiores expressões de Apalta, dotado de grande potencial de guarda, de mais de 10 anos.
Compromisso com a qualidade
No passeio pelos vinhedos de Neyen, fica claro, pelas falas de Sofía e pelas reações dos jornalistas, que a Veramonte faz um dos mais sérios trabalhos do Chile no que diz respeito a vinhos orgânicos e biodinâmicos de qualidade. Aproveite para conhecer seus grandes rótulos que estão no portfólio da Total Vinhos e comprovar, como bem colocou a jornalista Deise Novakoski, que nada na Viñedos Veramonte é engarrafado impunemente!
Confira abaixo na íntegra o evento Colheita Ao Vivo Veramonte!
-
Neyen Espiritu de Apalta 2018
Este vinho tinto de 98 pontos James Suckling é considerado, ano após ano, um dos melhores de Apalta e do Chile. Corte das variedades Carménère e Cabernet Sauvignon.
-
-
Ritual Pinot Noir 2019
Pinot Noir fresco e complexo, proveniente de vinhedos orgânicos e biodinâmicos. 93 pontos James Suckling.